Decisão da Bolívia de legalizar carros sem documentação preocupa estados da fronteira

 

14/06/2011 - 19h06

Decisão da Bolívia de legalizar carros sem documentação preocupa estados da fronteira 

A decisão do governo boliviano de legalizar veículos sem documentação que circulam pelo país é motivo de preocupação nos estados brasileiros que fazem fronteira com a Bolívia. Secretários de Segurança Pública e senadores que participaram, na tarde desta terça-feira (14), de audiência pública promovida pela Subcomissão Permanente da Amazônia e da Faixa de Fronteira são contrários à medida, já que grande parte dos veículos que circulam ilegalmente na Bolívia são produto de furto e roubo no Brasil.

- Isso nos deixa bastante preocupados em vista da possibilidade de aumento da evasão de veículos furtados e roubados para a Bolívia. Além disso, normalmente, os veículos furtados e roubados são moeda de troca para a droga, que volta para o Brasil - afirmou o secretário de Segurança Pública de Rondônia, Marcelo Bessa.

O senador Valdir Raupp (PMDB-RO) também acredita que a medida poderá incentivar o aumento desse tipo de crime na divisa com a Bolívia e pediu uma resposta do governo federal.

- Isso é muito sério e eu acho que o governo brasileiro tem que dar uma resposta imediata a essa atitude do governo Evo Morales - afirmou Raupp, que se disse "assombrado" com a medida.

Ações integradas

Os participantes da audiência pública também defenderam mais integração entre os governos estaduais e federal na segurança das fronteiras, especialmente após o lançamento, pela presidente Dilma Rousseff, do Plano Estratégico de Fronteiras, no dia 8 deste mês.

O secretário-adjunto de Segurança Pública do Mato Grosso, Alexandre Bustamonte, afirmou que, apesar de considerar que a responsabilidade é do governo federal, o estado tem desenvolvido ações na fronteira por meio do Grupo Especial de Fronteira (Gefron).

- Hoje nós temos uma fronteira que não tem o patrulhamento ideal, mas tem o patrulhamento possível. Áreas que antigamente não valiam nada hoje estão valendo um recurso interessante para os seus proprietários - explicou, referindo-se à valorização de terras na região após o início da fiscalização.

No Acre, que tem 618 quilômetros de fronteira com a Bolívia e 1.350 com o Peru, não há muitas ações do governo estadual específicas para a fronteira. Com o lançamento do plano estadual, o secretário de Segurança Pública do estado, Ildor Reni Graebner, espera que o governo federal ocupe toda a faixa fronteiriça.

- Diante do lançamento do plano de fronteiras, estamos esperando que efetivamente a União ocupe toda a fronteira que o Acre tem, dando uma maior segurança, porque os policiais do Acre não são suficientes para fazer esse patrulhamento - explicou o secretário.

O secretário de Rondônia explicou que, nos 1.342 quilômetros de fronteira fluvial do estado com a Bolívia, é alto o índice de crimes como a exploração sexual infanto-juvenil, o contrabando e o descaminho, os roubos de cargas, o tráfico de armas e, principalmente o tráfico de drogas. Para ele, é preciso que o governo federal ouça os estados.

- Nós ficamos preocupados porque o discurso que temos ouvido do governo federal foi de uma ação de fronteira relacionada às forças de segurança da União e não se falou tanto dos estados, não se delineou qual seria a participação dos estados nessa estratégia de fronteiras - disse o secretário, que afirmou que muitos estados investiram em ações na fronteira e necessitam de contrapartida federal.

Audiências Públicas

A audiência pública realizada na tarde desta terça-feira foi a última de uma série com os secretários estaduais promovidas pela subcomissão, ligada à Comissão de Relações Exteriores e Defesa Nacional (CRE). A subcomissão pretende discutir, no segundo semestre, o desenvolvimento econômico e social nas fronteiras.

Antes, o presidente do colegiado, senador Mozarildo Cavalcanti (PTB-RR) quer ouvir os ministros da Justiça, José Eduardo Cardozo, e da Defesa, Nelson Jobim, sobre a nova estratégia do governo para as fronteiras. Requerimento de autoria do senador com esse fim deve ser votado na próxima quinta-feira pela CRE.

Isabela Vilar / Agência Senado
 

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